Reflexões sobre a condição humana e a cooperação são os pontos fundamentais do espetáculo Ficções

2 de Novembro de 2024 às 17:37

Por Amanda Marques

Fotos: Ale Catan e Divulgação

Como você interpreta? Como você aceita? Como você gerencia suas ficções coletivas? Essas são algumas das reflexões que o espetáculo provoca no público.

Vera Holtz e Federico Puppi concederam entrevista coletiva à jornalistas de Uberlândia para falar do espetáculo Ficções que está em cartaz hoje, às 20h e amanhã às 18h no Teatro Municipal de Uberlândia.

Os artistas chegaram no local da entrevista acompanhados da produtora Alessandra Reis e da produção local, do Uberlândia na Rota das Culturas.

Com muito carisma, energia e bem-humorados conversaram com os jornalistas por mais de uma hora. Contaram como foi o início do projeto e como foi a construção de cada cena e formação da equipe: “O envolvimento nessa obra foi pela paixão, pelo tema e pela ideia de falar sobre expansão, sobre esse momento das grandes narrativas, esse momento que nós estamos praticamente numa mudança de império, com crises de várias coisas.”, disse Vera.

Ela também falou do desafio da dramaturgia nos palcos: “Fiquei muito tempo no audiovisual e o teatro exige uma performance atlética. É preciso trabalhar com a voz, ter flexibilidade com o corpo, plasticidade. É uma série de questões que fomos trabalhando. Essa obra é um grande processo de aprendizado não só para quem assiste, mas para nós também.

Federico, trouxe reflexões e informações que mostraram porque esse espetáculo faz tanto sucesso e que, pela crítica e pelo público, vai continuar por um bom tempo: “Conseguimos provocar no público reflexões que ainda nem estávamos pensando e isso mesmo com mais de 250 apresentações do espetáculo. O teatro é o encontro do imaginário de quem está em cena e de quem está na plateia.”.

Vinda de uma família grande, Vera Holtz, disse que conseguiu uma quantidade imensa de referências que a ajudam na formação de seus personagens: “Minha mãe teve 14 irmãos, tenho 53 primos, fui criada nessa estrutura familiar italiana. Então o fato de ter vivido com as diferenças desde pequena, com essas inter-relações entre todas as idades, unida a curiosidade imensa pelo mundo, me ajudaram profissionalmente.”.

Vera mostrava em cada resposta a importância da busca pelo conhecimento e do trabalho em conjunto: “A curiosidade nos leva as transformações e as mudanças. Eu não acredito em mim sem o outro. Eu só me reconheço através do outro. Essa é a minha dinâmica de vida.”.

Federico é italiano, começou a estudar violoncelo aos 4 anos e já fez muitas trilhas sonoras para a teledramaturgia. Ele falou como tem sido esse trabalho de atuar ao lado da Vera e que a potência vocal dela é surpreendente.

Durante a entrevista o entrosamento entre eles era nítido. Vera mostrou ser de uma generosidade muito grande, que para ela é fundamental que todos da equipe se apresentem: “a nossa equipe é toda vista em cena. Você vai ver a cooperação em cena: o diretor de palco, o contrarregra, a camareira... A importância de cada um no espetáculo é demostrada. Cada um é protagonista da função que está exercendo. Não tem nenhuma hierarquia de valor. A gente se gosta e um cuida do outro. Essa prática o espetáculo nos trouxe e nós aprendemos com ele e a gente exercita.”

Alessandra Reis, que é a produtora do espetáculo, colaborou em alguns momentos na entrevista, confirmando o que Vera disse, que eles formam uma equipe que se gostam de verdade.

Estimulados com todo o movimento do espetáculo a equipe se reuniu e decidiu que seguirão com a obra por um bom tempo: “Quem manda agora no nosso destino é essa obra. Temos o maior respeito por ela, pelas pessoas que vêm até nós assistir. Sabemos da importância do espetáculo. Conversamos e decidimos que enquanto a obra estiver pulsando nós vamos fazer. Ficções tem uma história, e ela vai viver a história dela até onde ela quiser.”.

Assista a entrevista completa aqui 

Sinopse

Vera Holtz se desdobra em personagens da obra literária e em outras criadas por Rodrigo, canta, improvisa, “conversa” com Harari, brinca e instiga a plateia, interage com o músico Federico Puppi – autor e performer da trilha sonora original, com quem divide o palco. Em outros momentos, encarna a narradora, às vezes é a própria atriz falando. “Eu gosto muito desse recorte que o Rodrigo fez, de poder criar e descriar, de trabalhar com o imaginário da plateia”, destaca Vera. “O desafio é essa ciranda de personagens, que vai provocando, atiçando o espectador. Não se pode cristalizar, tem que estar o tempo todo oxigenada”, completa. Rodrigo concorda: “É um espetáculo íntimo, quem for lá vai se conectar com a Vera, ela está muito próxima, tem uma relação muito direta com o espectador”.

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Amanda Marques

Jornalista, Fotógrafa e mãe do Thalles
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