Ler mais de 80 livros, essa é a meta do Delegado de Polícia Moizés Resende para 2021

7 de Junho de 2021 às 21:00

08/06/21

   

Por: Amanda Marques

Fotos: Amanda Marques / arquivo pessoal Dr. Moizés Resende

Desde os onze anos, Dr. Moizés Resende, Delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, aposentado, tem o hábito da leitura, que de acordo com ele surgiu pelo incentivo do professor de Língua Portuguesa, Ricardo Rossetti Dutra (da antiga 5ª série do 1º Grau, hoje 6º ano do Ensino Fundamental II) do Colégio Polivalente, em Barbacena/MG. “Me lembro como se fosse ontem, que o professor indicou quatro livros: “Diva”, “Inocência”, “Fernão Capelo Gaivota” e “O Menino do Dedo Verde”. A partir da leitura desses quatro, nunca mais parei. Pelo contrário, quanto mais lia mais tomava gosto.”, relembrou Dr. Moizés.      

De lá pra cá já leu em torno de 2600 livros, passando pelos diversos gêneros literários.  Além de contabilizar as obras que já leu, ainda costuma registrar frases que chamam mais a sua atenção. “Comecei a anotar frases a partir do livro “O Exorcista”, quando me atentei para a importância desse registro, compilando-as em cadernos de 200 folhas, e atualmente tenho 8 cadernos preenchidos, os quais sempre releio.”, explicou o Delegado.

Para ele, a leitura além de trazer conhecimento é o seu principal hobby: “gosto muito de música e futebol também, mas é na leitura que eu me entrego com total prazer.”, reforça Dr. Moizés.  

O Delegado, que lê até três livros ao mesmo tempo, disse que há uns anos a média de leitura anual é de 80 livros, porém com a pandemia, a expectativa para esse ano é que aumente. Com o isolamento social o tempo para ele se dedicar a essa atividade aumentou, sem contar com a facilidade que a tecnologia propicia. “Antes eu tinha uma certa resistência de fazer leitura online, pois para mim o contato com livro é uma experiencia singular. Porém em função das regras sanitárias, tive que me adaptar e estou gostando. Tenho certeza que a tecnologia veio para ficar, mas o livro físico nunca vai acabar. Este contato com ele, o manuseio... o cheiro... a textura... jamais podem ser substituídos.”

Quanto à forma de aquisição para a leitura, Dr. Moizés afirma que as possibilidades são muitas e que não há desculpas para não ler: “Faço empréstimos nas bibliotecas e com amigos, compro, tanto novos quanto usados, participo dos projetos de trocas e utilizo vários sites disponíveis. Nas cidades que passei costumava até a brincar que primeiro fazia a carteirinha da biblioteca, depois é que abria a conta bancária... (risos)”.

Dos livros à escolha profissional

Vindo de uma família de 8 irmãos, aprendeu desde cedo a importância do estudo e do trabalho. Sua mãe era dona de casa e seu pai foi um dos primeiros no ramo de muro pré-fabricado na cidade, e era referência na região. Ele contava com a colaboração dos filhos nesse ofício, porém a prioridade para ele era que os filhos estudassem: “estudávamos de manhã e à tarde, depois de fazer as tarefas, íamos para a fábrica trabalhar. Essa rotina me fez aprender a importância dos estudos, da organização do tempo e dos valores de um homem de bem”., recordou Dr. Moizés. 

Aos 18 anos, com a dispensa do serviço militar, entrou direto para a PMMG – Polícia Militar de Minas Gerais – na cidade de Lavras onde fez o curso de soldado, destacando-se em Santa Rita do Sapucaí. Iniciou o curso de Direito em Pouso Alegre, para onde foi transferido posteriormente. Três anos depois, exonerou-se, pois, tinha o anelo que o acompanhava desde adolescência, o de ser sacerdote da Igreja Católica. Para tal, ingressou na Ordem dos Jesuítas em Juiz de Fora e, no ano seguinte em Campinas/SP. Pouco tempo depois, iniciou o curso de Filosofia, desta vez com os Salesianos, em São João Del Rei. À medida que os estudos avançavam, Dr. Moizés constatou que o sacerdócio não era sua vocação. Então voltou para Barbacena e, sem perder o foco nos estudos, logo em seguida prestou concurso para investigador da Polícia Civil de Minas Gerais. Fez o curso na capital e foi trabalhar em Rio Pardo de Minas. No ano seguinte transferiu-se para Lagoa Dourada e retomou o curso de Direito, na cidade de Conselheiro Lafaiete. Segundo ele foi uma fase muito difícil: “Trabalhava 8h por dia em uma cidade e em seguida viajava de carona para Lafaiete, que ficava a 80 Km de Lagoa Dourada. Acordava de madrugada e fazia o percurso inverso.”

Concluído este curso, transferiu-se para Capelinha, e decidiu prestar concurso para Delegado: “Foi uma etapa muito exaustiva também; só depois de 5 tentativas, consegui a aprovação, passando em 4º lugar, num concurso que tinha 25 vagas e aproximadamente 2500 candidatos.", orgulha-se Dr. Moizés.

Escolheu a região do Triângulo Mineiro para exercer sua profissão. Começou em Estrela do Sul, onde trabalhou 1 ano e 3 meses. Em Araguari, ficou um curto período, pois foi convidado para vir para Uberlândia, onde trabalhou por quase 20 anos, até se aposentar. Na cidade, constituiu família e hoje entre suas atividades pessoais, ainda se organiza para colaborar com os estudos do filho, que tem 11 anos e está no 6º ano do Ensino Fundamental II. “Passa um filme na minha cabeça, pois foi exatamente com essa idade que comecei a ler e não parei mais. Realço para o Thalles a importância da leitura, de anotar os pontos principais, os personagens, e depois os nomes das obras para que ele se organize desde cedo”.

Para Dr. Moizés, o livro deve ser um dos primeiros presentes que os pais devem dar para seus filhos: “acredito que a maior herança que os pais podem deixar é o conhecimento, pois é através dele que fazemos a diferença e é um bem que não temos como perder. Sou muito grato ao Criador, ao meus pais, familiares, àquele professor e a todos que colaboraram para a minha trajetória de sucesso”.

Nessas vivências, o Delegado teve a oportunidade de morar em 13 cidades, o que para ele foi importante. “Em cada cidade que vivi aprendi um pouco mais sobre respeito e a importância de sermos humildes para continuarmos evoluindo e sempre lembrarmos com gratidão de cada dificuldade vencida, de cada vitória alcançada. Gosto muito de exemplificar com as frases do autor da Ciência Logosófica, Carlos Bernardo González Pecotche: “A luta é lei da vida” e que “Recordar o bem recebido é fazer-se merecedor de tudo quanto amanhã possa nos ser brindado. "

Veja também a entrevista no YouTube com o Dr. Moizés Resende

Tags: Moizes Resende Polícia Civil

Amanda Marques

Jornalista, Fotógrafa e mãe do Thalles
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