O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado Regional de Uberlândia deflagrou hoje a Operação Decretados visando ao cumprimento de 116 mandados de prisão e outros 11 mandados de busca e apreensão contra a maior facção criminosa do País, o Primeiro Comando da Capital (PCC).
As investigações ocorreram a partir do levantamento de informações de que parte da facção criminosa PCC teria recebido, no interior da ALA E, do Presídio Prof. Jacy de Assis, nesta cidade de Uberlândia, remessa de drogas e aparelhos celulares, tendo em vista que o equipamento body scan estava com defeito, bem como de que existia um plano para executar um Policial Penal.
Após a incursão nas celas da referida ala, conhecida como Pavilhão do PCC, foram apreendidas várias porções de sustâncias entorpecentes, 4 aparelhos celulares, bem como diversas anotações contendo cadastro de presos faccionados e levantamento dos setores que a facção criminosa comandava dentro do presídio, como venda de drogas, aluguel de quadra de futebol, apostas de partidas de futebol, dívidas etc.
A partir da prova documental colhida e extração dos aparelhos celulares, descobriu-se que a organização criminosa contava com o rígido controle dos faccionados, através da denominação cara-chachá, com menção ao nome do integrante; data de nascimento; nome da mãe; data e local do batismo; com controle inclusive se proveniente de outra UF; as funções ocupadas; o presídio onde o faccionado encontra-se recluso; se possui dívida com a ‘família’ (PCC); se foi punido pela facção em alguma oportunidade; e posto atual.
Os elementos de provas colhidos revelam que os faccionados eram divididos em núcleos, os quais servem para distribuir as tarefas e permitir que os integrantes que atuam na disciplina possam acompanhar os andamentos dos trabalhos da organização criminosa. A organização utiliza essas práticas como formas de consolidar seu poder dentro do sistema prisional, criando uma economia paralela que beneficia seus interesses. Os núcleos são: esporte; tabacaria; caixa do jogo do bicho; jet geral financeiro; arquivo morto; disciplina; cadastro; lista negra; trivela; jet geral da unidade; papelaria; jet do pavilhão; geral do cadastro; geral do cadastro; trabalho da sintonia; apoiadores; comunicador; salveiro; jet pavilhão da financeira; sem paula; setor gaiola; kaô e almoxarifado.
Além disso, restou claro que os presos faccionados recolhidos no Presídio Prof. Jacy de Assis mantêm contato com outros integrantes da organização criminosa que permanecem soltos e cumprem ordens para a prática de crimes e movimentação de valores em prol do PCC.
Ainda, importante destacar que o entorpecente é utilizado, no interior do presídio Prof. Jacy de Assis, como moeda, uma espécie de câmbio local, o que se verifica em todas as frentes de atuação do ‘comando’, como quadros de ‘esporte’, ‘apostas das partidas e jogo do bicho’, ‘papelaria’ e até mesmo ‘cadastros’. Assim toda dívida criada pelo comando era convertida primeiro em droga e, após, em moeda real. Desde o ano de 2020, o Gaeco Regional de Uberlândia atua em investigações envolvendo o Primeiro Comando da Capital de forma sistemática, sobretudo após 2 tentativas de homicídio em face de Policiais Penais.
Já recebida pelo Juízo da 5.ª Vara Criminal, a denúncia imputa a 116 denunciados os crimes de organização criminosa, associação para o tráfico e tráfico ilícito de entorpecentes e ingresso de aparelhos celulares no sistema prisional.
Os mandados de prisão e busca e apreensão são cumpridos nos Bairros Canaã, Laranjeiras, Integração, Morumbi, Alvorada, Shopping Park, além das cidades de Tupaciguara e Ituiutaba e vários presídios de MG e do Estado de São Paulo. Atuaram na operação 4 Promotores de Justiça; 2 Delegados de Polícia; 20 Policiais Civis, 30 Policiais Militares e 21 agentes do Gaeco, além do imprescindível apoio da Polícia Penal. A operação contou, ainda, com 1 helicóptero e 27 viaturas.
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