Dr. Ramon Bucci, Delegado de Polícia, fala sobre a criminalidade

18 de Setembro de 2021 às 21:00

19/09/21

Por: Amanda Marques

Foto: Arquivo pessoal Dr. Ramon Bucci

Com a pandemia, o acesso a informática se intensificou, e com isso crimes que já eram praticados há uns anos aumentaram e tem feito um número de vítimas cada vez maior. O uso das redes sociais, o isolamento social... tudo isso tem aumentado as chances de sermos enganados com mais facilidade.  

De acordo com o Delegado de Polícia Civil de Minas Gerais, aposentado, Dr. Ramon Bucci, a Policia Civil há muito tempo vem investindo em tecnologia de ponta para investigar crimes cibernéticos: “Para tanto foi criada, em Belo Horizonte, uma Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos”, pontua o Delegado. 

Casos como o de Araçatuba/SP, disse que acontecem desde a década de 90: “Os criminosos estão sim, cada vez mais ousados; temos enfrentado ações em cidades de pequeno porte onde as polícias tem suas dependências cercadas enquanto dura ação criminosa. Através de informações privilegiadas, os criminosos sabem qual o montante em dinheiro que estão em cada agência bancária. Com isso planejam e executam ações pontuais, com explosão dos caixas eletrônicos, caixa forte dos bancos e empresas de valores/segurança”.

O Delegado que atuou por mais de 30 anos na área de Segurança Pública, disse ainda que a Polícia Civil dos Estados e da União (PF) têm a responsabilidade de investigar os crimes executados, como também na fase preparatória, através da troca de informações das Agências de Inteligência, o que poderia prevenir e evitar a execução desses crimes.  

Sobre a facilidade ao acesso às armas de fogo e as novas regras do governo, Dr. Ramon disse que o Estatuto do Desarmamento nunca proibiu o acesso das pessoas à compra/posse de armas. E que a avaliação sobre a necessidade de possuir e mesmo ter o porte de arma fica a cargo de um Delegado de Polícia Federal, dentro de suas atribuições especificas: “O que houve foi a flexibilização para a posse de armas permitidas ao cidadão e o porte só é concedido em situações excepcionais. Não entendo que a possibilidade do cidadão adquirir arma de fogo, tenha contribuído para o aumento da criminalidade. Para adquirir uma arma de fogo, o cidadão deverá apresentar os documentos exigidos e justificar o motivo da compra, isto antes do deferimento da sua solicitação de autorização. Para a posse e também para o porte é exigido curso de tiro ministrado por entidade credenciada pela PF”. 

Questionado sobre a sociedade estar preparada para essa facilidade em adquirir mais armas e sobre um caso comentado nas redes sociais de um homem que estava com arma em punho, voltada para o alto durante as manifestações políticas no último dia 07 de setembro, Dr. Ramon disse que se a pessoa que fez esta exibição de arma de fogo em público e numa aglomeração de pessoas fosse identificada e tivesse o porte de arma, poderia ter o mesmo cassado: “Tal atitude não deveria ter ocorrido mesmo sendo autorizado a portar arma de fogo. O porte é regulamentado, não pode ser ostensivo”. 

Trajetória 

Dr. Ramon Tadeu Carvalho Bucci, nasceu na cidade de Campestre/MG. É filho do serventuário da Justiça, Renato Sebastião Ferreira Bucci e da dona de casa Maria Conceição Carvalho Bucci e tem 3 irmãos (Marilia Clelia, Ana Beatriz e Paulo Cesar).   

É formado em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Socias de São João da Boa Vista (SP) e em Educação Física de Muzambinho. Pós-graduado em Política e Estratégia Nacional junto à Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) / Unitri – Centro Universitário do Triângulo. E Técnico em Contabilidade.

Foi aprovado para o cargo de Delegado da Polícia Civil em 1983 e no mesmo ano iniciou suas atividades na sua cidade natal até fevereiro 1986, quando foi transferido para Uberlândia/MG.  

Em Uberlândia, trabalhou na Delegacia de Furtos e Roubos, Tóxicos e Entorpecentes, Menores, Mulheres, Trânsito, e ocupou os cargos de Delegado Adjunto Regional, coordenador da 16ª Ciretran – Banca Examinadora do Detran-MG e em 2001 assumiu o cargo de Delegado Regional da então 16ª DRPC – Delegacia Regional de Polícia Civil. Também prestou serviços na Delegacia Regional de Ituiutaba durante seis meses no ano de 1989. 

Em fevereiro de 2006 foi transferido para a Delegacia Regional de Araxá e em agosto do mesmo ano foi para a capital e assumiu o cargo de Delegado de Polícia Adido da Superintendência Regional de Polícia Civil até 2008, ano que foi nomeado Chefe do 16º Departamento de Polícia Civil em Unaí, estando sob sua circunscrição as Delegacias Regionais de Paracatu e Unaí, com suas respectivas cidades, em número de 17. No ano 2012 assumiu o 5º Departamento de Polícia Civil em Uberaba, Frutal, Araxá e Iturama, com suas respectivas cidades, em número de 30. E em fevereiro de 2016 solicitou a aposentadoria por tempo de serviço.  

Da época que Dr. Ramon ocupou o cargo de Delegado Regional para hoje, a estrutura física melhorou um pouco, dando melhores condições de trabalho aos policiais e atendimento à sociedade, porém ainda não é o ideal: “Existe a necessidade de se investir na Polícia Civil, cuja demanda de investigações aumenta a cada ano. Recomposição do efetivo é uma necessidade urgentíssima, isto concomitante a investimentos em instalações físicas que atendam aos servidores e aos cidadãos. Ocorrido o delito, entra em ação os policiais civis, cuja atribuição constitucional é a investigação policial, com o objetivo de apurar as infrações penais”. 

Dr. Ramon sempre foi muito respeitado na sua área de atuação e no meio social. Sabe manter um bom diálogo com todas as esferas da sociedade. Promoveu cursos de atualização, reconhece o trabalho dos policiais civis e apoia a integração entre a Polícia Civil e Militar: “É muito importante a Polícia Civil estar inteirada e presente na sociedade constituída. Fazemos parte dessa sociedade e os mesmos problemas que os preocupam também ocorrem conosco. Temos que prestar um serviço investigativo de excelência, focados no resultado, objetivando a apuração dos delitos ocorridos consubstanciados em Inquéritos Policiais compostos de provas suficientes para fornecer subsidio à denúncia pelo MP”. 

O Delegado procurou promover cursos, reformas, homenagear e reconhecer os policiais: “Entendo que investir na capacitação profissional dos servidores da PC é muito importante para o desempenho das suas funções. Não há como convivermos com a formação policial na Acadepol e após sua designação para seus postos de serviços, mais comumente no interior, apenas aguardar um curso de aperfeiçoamento/chefia após o estágio probatório. O Policial Civil deve se aperfeiçoar a cada momento da sua carreira e isto deve ser proporcionado pela instituição”. 

Sobre novos investimentos na Polícia Civil, Dr. Ramon disse que mudanças são sempre muito bem vindas, desde que sejam para que a instituição possa estar cumprindo suas obrigações constitucionais com zelo e celeridade: “Também é necessário que as mudanças propostas objetivem a valorização profissional do Policial Civil, proporcionando-lhe condições de trabalho  no desempenho de sua função, bem como que ele tenha um salário justo: pelo risco de sua profissão, pela exigência de formação superior e para que tenha condições de ter atendimento médico/hospitalar digno e necessário para si e seus familiares”.

Quanto à saída do DETRAN da PCMG: “Isto já é estudado há muito tempo, sendo MG o único estado que ainda está vinculado à PC. Os serviços prestados no interior são feitos em condições precárias e muitas das vezes com o apoio dos municípios. Não há que se falar em má gestão ou corrupção nas Ciretrans, para justificar a retirada do Detran”.  

Reconhecimento

Por sua conduta, trabalho e bons relacionamentos ao logo da sua trajetória, recebeu diversos títulos e homenagens como: Comendador da Ordem do Mérito Grau de Cooperador, concedido pela Câmara Municipal de Uberlândia, por ocasião das comemorações do Dia do Policial Civil; Colaborador Emérito da Polícia Militar de Minas Gerais, concedido em duas oportunidades, em 1996 e em 2000; Colaborador Emérito concedido pelo 36º Batalhão de Infantaria Motorizado de Uberlândia, em 1996; Cidadão Honorário de Uberlândia e de Uberaba, em 1996 e 2013, respectivamente; Medalha Augusto César, concedido pela Câmara Municipal de Uberlândia, em 31 de agosto de 1997; troféu Jornal de Segurança da Polícia Civil como Delegado de Polícia Revelação no ano de 1997; troféu Shopcar Ano 7 da Rede de Televisão Bandeirantes, no ano de 1998, pelos serviços prestados ao trânsito de Uberlândia, prêmio de Destaque Jurídico do ano de 1999 pela Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica, Comenda Virgílio Galassi – Grau Cooperador em 2005, Medalha Alferes Tiradentes – Outorgada pela Policia Militar do Estado de Minas Gerais em 2011; Colaborador Emérito da 25ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil – Uberlândia; Colaborador Emérito da Guarda municipal de Uberaba, 2012; Medalha Comemorativa ao Centenário do 4º Batalhão da Policia Militar em Uberaba, outorgada em 2012 pelo Comando da Unidade; Medalha da Ordem do Mérito Legislativo pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais no ano de 2014, diversas moções de aplauso por serviços operacionais realizado bem como serviços administrativos dentre outros. 

Outros destaques 

Dr. Ramon, antes de trabalhar na Polícia Civil, foi Chefe de Serviço do extinto Banco do Estado de Minas Gerais - BEMGE, entre os anos de 1976 e 1983: “Comecei como Escriturário em 1976, fui promovido para o cargo de Chefe de Serviço em 1980, que exerci até solicitar demissão em 1983, quando fui nomeado para o cargo de Delegado de Polícia”, recorda Dr. Ramon. 

Foi professor de Direito e Legislação, no Colégio Comercial de Campestre, de 1980 à 1983. Professor de Direito Penal no Curso Dominus, em Uberlândia/MG, em 1999 e 2000. Membro do Conselho Estadual de Trânsito de Minas Gerais, representando o município de Uberlândia, de 1998 à 2005. Presidente da Junta Administrativa de Recursos e Infrações de Trânsito – JARI – em Uberlândia, de 2000 à 2006. Apresentador do Programa de entrevistas na Rádio Visão de Uberlândia, de 2016 à 2019, bem como Assessor Jurídico da emissora.

Em fevereiro de 2019, foi convidado para trabalhar na Assessoria de Esportes e Qualidade de Vida da FUTEL – Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer, onde permanece até hoje: “Trabalho na assessoria direta do Diretor Edson Zanatta, que me fez um convite em dezembro de 2018, tendo como atividade principal a Segurança do Parque do Sabiá e os demais 23 equipamentos da FUTEL. Além disso colaboramos na gestão esportiva nos poliesportivos, bem como nas melhorias ocorridas em todos os locais sob nossa responsabilidade”.  

Ele que também é Conselheiro Titular do UEC - Uberlândia Esporte Clube, ainda divide o seu tempo com o cuidado com a família, convívio com os amigos e atividades físicas. 

* Dr. Ramon Bucci, é casado com a Professora de Educação Física, Marilena Bernardes Bucci, pai da Advogada Trabalhista, Ana Carolina (mãe da Luna), do Vinícius, Policial Civil no Estado do Paraná e da Psicóloga, Laryssa (mãe do Luiz Henrique). 

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Amanda Marques

Jornalista, Fotógrafa e mãe do Thalles
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